O CASO DOS CORSA

. Artigos CONSUMIDOR POR QUE A GM NÃO AVISOU ANTES? Essa pergunta será o ponto central da história do cinto de segurança do Corsa – uma história que está mal começando. Pelas informações da GM do Brasil, a companhia sabia pelo menos desde abril de 1999 que o cinto de segurança dianteiro se soltava quando ocorria um choque forte. Mais: havia uma "presunção" de que a falha do cinto era responsável pela morte de um passageiro, em um acidente em Minas, naquele mês de abril.. Em dezembro de 1999, a GM já tinha certeza de que havia uma falha no sistema que prende o cinto de segurança ao banco. E sabia também como resolver o problema, pois, segundo a companhia, os carros 2000 já saíram com o novo equipamento. Decorrem daí três perguntas: Por que a GM iniciou o recall dos Corsa produzidos entre 1994 e 99 – todos com o problema no cinto – só agora, em 17 de outubro de 2000? Se esse foi o tempo para preparar o recall, por que a GM não avisou antes sobre o problema? E por que continuou vendendo carros ao longo de 1999 com a peça que já se sabia defeituosa? É claro que a informação sobre o problema abalaria a imagem do carro e da empresa, reduzindo vendas. Mas reduziria a possibilidade de novos acidentes – e foram 25 acidentes no total, sendo dois com morte, um em abril de 99, outro depois. Ou seja, o segundo acidente fatal ocorreu quando já se sabia muita coisa sobre o problema do cinto. Na verdade, além de avisar prontamente, a GM deveria ter suspendido a venda dos Corsa enquanto não resolvesse o problema. É por aqui que se deve encaminhar o debate público e o processo judicial.   A CRISE DO ORIENTE MÉDIO   A PAZ HOJE TEM MAIS CHANCES E O PETRÓLEO É UM PROBLEMA MENOR       Há diferenças essenciais entre as anteriores crises do petróleo e a que pode ocorrer hoje. No Brasil, por exemplo, as crises anteriores apanharam a economia com inflação alta e indexada. Assim, todo reajuste no preço da gasolina desencadeava uma alta generalizada dos demais preços, tivessem ou não a ver com o caso. Era folclore dizer que subia o preço do transporte via jegue, no interior do Nordeste, porque subia o preço da gasolina no Rio de Janeiro. Mas era verdade. Numa economia indexada, a alta de qualquer preço importante determinava ondas de elevações no conjunto da economia. Hoje, a inflação brasileira está sob controle, é baixa e não há mais indexação. A prova? Nos últimos dois anos, gasolina, diesel e gás de botijão tiveram altas muito, mas muito acima da inflação. Ou seja, os preços do combustível não contaminaram os demais. Além disso, o Brasil hoje é menos dependente do petróleo importado. Quando veio a primeira crise do petróleo, em 1973, o Brasil produzia pouco, por boas razões. Como o produto era abundante no mundo e, pois, como o preço internacional era muito barato, não valia a pena retirar óleo das profundas águas do mar brasileiro. Era mais negócio investir em refino – e era o que fazia a Petrobrás. De repente, com a alta internacional, já era econômico tirar petróleo do litoral brasileiro. A Petrobrás investiu na exploração e hoje produz dois terços do petróleo aqui consumido. No mundo, as crises também deixaram ensinamentos. Com enormes programas de economia de energia, o consumo de pertróleo é hoje proporcionalmente menor. Quer dizer, consomem-se mais barris, mas hoje produzem-se muito mais coisas com uma menor quantidade de combustível. Ou seja, é menor o peso do petróleo na economia mundial e, portanto, menor o impacto de preço. Além disso, a economia mundial está hoje em melhor forma, com a maioria dos países estabilizados e sem inflação Assim, mesmo que não se resolva a crise do Oriente Médio, o mundo provavelmente não passará por inflação e recessão semelhantes aos verficados nos anteriores choques do petróleo. Isso não quer dizer que não haverá efeitos. Haverá uma redução no crescimento mundial, um pouco mais de inflação e instabilidade no mercado financeiro. Não é uma moleza, mas há uma enorme diferença entre recessão e redução do crescimento. Sem contar que o mundo hoje é mais propenso à paz. Lembrem-se, a guerra fria acabou, de modo que os esforços de paz não são mais perturbados pelas divergências estratégicas entre Estados Unidos e União Soviética. Resumo geral, o conflito entre árabes/palestinos e israelenses continua sendo uma tragédia política e humana, mas a possibilidade de contenção e de limitação de seus efeitos hoje é maior. Tomara.

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