BRASIL E EUA

. Artigos COMPARANDO EUA E BRASIL   A economia brasileira pode crescer até um pouco de mais 4% neste ano – e essa expectativa já causa sentimentos contraditórios. De um lado, alívio, otimismo, porque a última vez que o país cresceu mais de 4% foi em 1995. Nos dois últimos dois anos, foi zero. De outro lado, há uma preocupação: estará o país em condições de crescer "isso tudo" sem déficit muito grande no comércio externo e sem inflação? Na terça, 22, o Federal Reserve, Fed, banco central dos Estados Unidos, manteve a taxa básica de juros em 6,5% ao ano dizendo que o forte crescimento da economia americana, sem inflação, está sustentado por ganhos de produtividade. No segundo trimestre deste ano, os Estados Unidos cresceram a um ritmo anualizado de 5,2% – e isso na sequência de nove anos de forte expansão. E olha que os EUA são uma economia de quase US$ 10 trilhões, estável, com a infra-estrutura praticamente já construída, enquanto o Brasil (US$ 570 bilhões) é um país emergente, com muito por fazer. Ou seja, precisa crescer a taxas bem mais aceleradas. Sim, há um mundo de diferenças entre Brasil e Estados Unidos. Mas não será demais acentuar alguns pontos cruciais. Diz o comunicado do Fed que a capacidade (o potencial) de crescimento tem sido ampliada pelos frequentes ganhos de produtividade (produção por hora de trabalho). Esse ganho de produtividade, acrescenta, reduz custos e bloquais aumentos de preços (inflação). Ora, de onde vêm esses ganhos de produtividade? Da Nova Economia, ou da Tecnologia da Informação, essa mistura de computadores, telecomunicações, Internet, que não apenas propicia novos negócios (os grandes portais) como turbina a Velha Economia (melhora a eficiência de produzir carros ou vender no supermercado). Produtividade, é certo, depende da educação do trabalhador. Mas depende em seguida dos instrumentos colocados à disposição desse trabalhador (máquinas, equipamentos, tecnologia, software e organização do trabalho). E isso depende das condições para que as empresas possam oferecer os melhores instrumentos. Que condições são essas? Ambiente macroeconômico positivo (contas públicas em ordem, inflação controlada e baixa, contas externas financiadas, juros neutros, isto é, que não atrapalhem os investimentos nem estimulem endividamento além da conta). Depois, condições microeconômicas, tais como: acesso a capital e financiamento, acesso a novas tecnologias, sistema tributário que não asfixie as empresas e legislação trabalhista flexível, que permita contratar, demitir, modificar salários e negociar condições de trabalho conforme as necessidades do momento e sem excessivo custo. Ou seja, não é simples. E por aí se vê que o crescimento americano não é milagre, mas uma combinação de macro e micro. E por aí se vê por que há muita controvérsia sobre o crescimento brasileiro. Por exemplo: nos EUA, há uma lei, aprovada em conjunto pelos dois principais partidos, que obriga o governo federal a apresentar superávit em suas contas totais – sempre gastar menos do que arrecada em todos os itens, incluindo despesas financeiras. O Brasil, a muito custo, conseguiu de dois anos pará cá fazer um superávit nas contas primárias, que excluem as despesas com juros. Incluindo estas, o déficit é expressivo – e ainda se discute por aqui se é preciso ou não pagar dívida pública ou ajustar as contas. E vai por aí: tente o leitor, a leitora, ir comparando as situações nos EUAS e aqui, caso a caso. E por que comparar com os EUA? Bom, é melhor comprar com o país mais rico e que mais cresce.

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