A SEMANA AMERICANA E O BRASIL

. A semana econômica continua americana. O assunto dominante ainda é saber se a economia dos Estados Unidos está ou não em processo de "suave desaceleração".
Se estiver, essa é a boa notícia, para eles e para o mundo todo, Brasil incluidíssimo.
"Suave desaceleração" é como estamos traduzindo o jargão lá utilizado, "soft landing". Em vez de "aterrissagem", preferimos "desaceleração" porque é bem disso que se trata: a situação estará bem se a economia americana continuar crescendo, mas em ritmo mais devagar do que o registrado no ano passado e início deste.
Por que? Porque economia acelerada traz risco de inflação
Por que isso é importante para o Brasil?
Porque uma economia desacelerada não precisa de juros altos. Assim, o Federeal Reserve, Fed, banco central dos Estados Unidos, poderá interromper ou ao menos mitigar a política de elevação de juros, que vieram de 4,75% a 6,5% em menos de um ano. E se os juros param de subir por lá, podem voltar a cair por aqui. (Veja como se dá a relação na seção Entenda a Economia).
Assim, os indicadores a observar nos Estados Unidos dividem-se em três grupos: o primeiro é o da inflação. Obviamente, trata-se de verificar se os preços estão ou não comportados.
O outro grupo de indicadores tem a ver com o consumo de pessoas e empresas. Se o pessoal estiver gastando menos, é sinal de que a alta de juros funcionou, desestimulando novos endividamentos.
O terceiro grupo indica os níveis de produção.
Portanto, fique de olho: nesta quarta-feira sai o importante Índice de Preços ao Consumidor (Consumer Price Index ? CPI) para maio. Os analistas esperam uma alta de 0,2% no índice pleno e também de 0,2% no núcleo, que exclui preços de energia (gasolina e óleo combustível, especialmente) e alimentos, os mais voláteis e que, por isso, não indicam tendência.
Qualquer resultado menor que o esperado detona euforia nos mercados financeiros. Na semana passada, saiu o índice de preços no atacado. O índice cheio veio menor do que o esperado, o núcleo, maior. Deu empate, portanto, o pessoal ficou sem saber como interpretar. O que aumenta a expectativa em relação ao CPI.
No segundo grupo, há dois indicadores a destacar: um dirá quantas casas começaram a ser construídas em maio (sai na sexta); outro mostrará a evolução das vendas no varejo (terça).
Construir (ou comprar) a casa própria depende diretamente da taxa de juros, já que em país estável ninguém faz isso à vista. Assim, se os americanos estiverem adquirindo menos casas, é sinal que a alta de juros aplicada até aqui já funcionou.
Idem para vendas no varejo, que inclui automóveis, que todo mundo também compra a prazo.
Finalmente, no terceiro grupo de indicadores, saem na quinta-feira os números da produção industrial em maio e de pedidos de auxílio desemprego. O critério para a produção é que continue em alta, mas menos do que antes. No caso dos pedidos de desemprego, é o contrário, claro.
Brasil
No Brasil, o mais importante a observar são os números das contas externas de maio. O Banco Central divulga na quinta-feira.
Tem tudo a ver: a necessidade do país captar recursos no exterior para fechar suas contas externas é que o torna vulnerável aos juros americanos. Quando mais elevados os juros dos EUA e, pois, do mercado internacional, mais caro o financiamento das contas externas brasileiras.

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