RECUPERAÇÃO E RETOMADA

. A RECUPERAÇÃO DA ECONOMIA É EFETIVA. NO FINAL DO ANO O PAÍS VOLTA AO NÍVEL EM QUE ESTAVA ANTES DA CRISE 97/99. EM 2001, A VERDADEIRA RETOMADA DE CRESCIMENTO   Então ficamos assim: a economia está em crescimento e, com sorte e competência, pode continuar assim por um bom par de anos. No ritmo atual, ao final de 2000 o país poderá estar voltando ao ponto que estava antes dos desastrosos anos de 1998 e 99. Portanto, até aqui temos a recuperação; a partir de 2001, a verdadeira retomada do crescimento. Eis uma geral do cenário: Inflação e renda- O Índice de Preços ao Consumidor Ampliado, IPCA, medido pelo IBGE, e referência do regime de metas de inflação, deve fechar o primeiro semestre com o número mais baixo para o período desde que o indicador é produzido (1980). Também o Índice de Preços ao Consumidor da Fipe (válido para o município de São Paulo), que deu 0,87% no semestre, é o menor da série. Só que essa série vem de 1939. O que derrubou os índices muito abaixo do esperado foi a queda dos preços de alimentos. Por causa da safra, é normal essa queda no primeiro semestre. Desta vez, porém, a redução foi mais acentuada, porque a safra veio maior e o consumidor, com menos renda, andou retraído. Tanto que as vendas de supermercados e, em geral, de produtos alimentícios industrializados mal caíram ou mal empataram com os resultados do ano passado. Como pode ter havido inflação baixa e perda de poder aquisitivo? Basta conferir os itens do custo de vida que mais subiram. Tomando como exemplo São Paulo (Fipe): matrículas e mensalidades escolares em janeiro; telefone fixo em janeiro; gasolina em março; e, ao longo do período, pequena alta de bens duráveis (automóveis, eletrônicos e eletrodomésticos de porte). O consumidor pode se abster de uma televisão nova, mas não pode deixar de acender a luz, atender o telefone, encher o tanque nem pode tirar as crianças da escola. Até poderia substituir nestes dois últimos casos, se os transportes e as escolas públicas fossem melhores. ( Mas passagem de ônibus e de metrô também subiu). Assim, subiram gastos familiares que não podem ser evitados. Para o segundo semestre, essa situação piora um pouco. Há um tarifaço em curso. Subiram recentemente, estão subindo ou vão subir em breve: energia elétrica, contas telefônicas, gás de cozinha, gasolina, transporte urbano e pedágio. Tudo com reajuste acima de 12%, porque os contratos são indexados pelo Indice Geral de Preços da Fundação Getulio Vargas, que inclui preços no atacado, que subiram bem mais. Recuperação e renda – Além desse efeito-tarifas sobre os orçamentos domésticos, deve-se notar que a recuperação da atividade econômica recompõe lentamente os níveis de emprego e salário. As empresas primeiro tratam de aumentar a produção sem novas contratações. Depois, quando começam as contratações, há um amplo grupo de desempregados a serem reabsorvidos. E gente que ficou muito tempo sem emprego não faz exigência de salário. Ou seja, a recuperação do emprego vem um pouco depois do aumento da produção e a recuperação salarial vem um pouco depois da queda do desemprego. Em 1999, a massa real de salários pagos no país (número do IBGE) caiu nada menos que 5,5%, um dos piores resultados da história. Quando se pega a massa de salários pagos nos últimos dozes meses encerrados em abril, a queda já é menor, em torno de 3,5%. Quer dizer: já há uma melhora mês contra mês anterior, mas ainda insuficiente para repor perdas. Eis aí, a recuperação econômica é real, mas a recuperação de emprego e renda vai se completar ao longo deste semestre.

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