MAIS INFLAÇÃO, MENOS RENDA

. NOTÍCIAS DO DIA A RUIM A inflação ao consumidor em São Paulo, medida pela Fipe, foi de 1,4% em julho. Para comparar: a ionflação acumulada nos primeiros seis meses do ano foi de 0,87%. Em um mês se fez mais do que no semestre. Culpados: o governo, que promoveu o tarifaço de junho e julho, e o tempo. Nesta época do ano, no inverno, ocorre a entressafra agrícola, quando os preços de diversos produtos importantes para o custo de vida (carne e leite, por exemplo) sempre sobem. Neste ano, porém, esse efeito foi exacerbado pelo frio muito intenso (geadas destruíram plantações) e pela seca. Prognósticos: sendo esses episódios únicos e localizados no tempo, a inflação deve desacelerar a partir de agosto ou setembro. Outros bons sinais: os preços de produtos agrícolas no exterior estão em níveis razoáveis; a cotação do dólar aqui segue comportada e, portanto, não eleva preços de importação; há muita concorrência hoje no comércio brasileiro, sendo difícil repassar ou impor aumentos de preços. Mas se os índices de preço devem recuar, o custo de vida permanece alto. Explico: se a gasolina vai de 1 para 1,50 em um mês e cai para 1,45 no outro, a coisa no índice de preço aparece asssim: inflação de 50% no primeiro mês e deflação (queda) de 3,5% no segundo. No bolso do consumidor, entretanto, o preço continua alto e o sujeito continua gastando uma parte maior de seu salário com combustíveis, energia elétrica, pedágios, transportes etc. Assim, mesmo com a inflação caindo, a renda das famílias continua comprometida pelas altas passadas. E só se recupera com reajustes salariais acima dos índices de inflação, o que, por enquanto, só acontece em alguns setores industriais mais aquecidos.   A BOA A produção industrial brasileira, conforme dados do IBGE, cresceu 1,9% em junho, na comparação com maio. No primeiro semestre deste ano, o crescimento é de 6,8% em relação ao mesmo período de 1999. É verdade que o primeiro semestre do ano passado foi muito ruim, pois sofreu diretamente os efeitos de alta de preço e de desorganização da produção provocados pela desvalorização do real. Ou seja, o desempenho da indústria no segundo semestre deste ano deve mostrar um ritmo menor, pois a base de compoaração será mais alta. De fato, a recuperação da produção industrial começou por volta de outubro de 1999. De todo modo, essa recuperação é sólida e consistente. Em diversos setores, os níveis de produção já se equivalem aos obtidos antes da crise asiática-russa-brasileira, iniciada no final de 1997 e só concluída no ano passado, quando o Brasil se reaprumou depois da desvalorização. Mas essa recuperação não é uniforme. A produção e as vendas crescem mais nos setores de bens duráveis (eletroeletrônicos, por exemplo) e de bens de capital. No primeiro caso, por causa da queda dos juros e da recuperação do crediário em prazos mais longos. No segundo, porque as empresas estão investindo e se equipando, com base na expectativa de crescimento econômico. Segue abaixo da média a produçao dos setores de semi e não duráveis (por exemplo, roupas, alimentos). Isso depende menos de crediário e mais da renda mensal que – como vimos no item acima – foi comprometida pela alta de tarifas e de alimentos.  

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