Em cima dos Fatos

. Segue a paranóia: os indicadores mostram o bom estado da economia brasileira e o mercado financeiro segue elevando juros e derrubando a bolsa.
Os últimos indicadores do IBGE são fortes: a produção industrial cresce agora puxada por dois fatores. Um vinha desde o ano passado, as vendas de manufaturados para exportação e/ou substituição de importações.
O segundo fator apareceu agora: cresce o consumo interno, o que estimula também a produção de bens que não têm nada a ver com o comércio externo. Isso foi também um sinal de que a renda do consumidor brasileiro, depois de quase dois anos de queda, começa a se recuperar.
Acrescente a isso os indicadores de inflação: todos, sem exceção, estão vindo mais baixo do que a expectativa. A conclusão é inequívoca: a economia se recupera, o consumo interno se aquece e tudo sem pressão inflacionária.
Esse é o fato básico; a expectativa de inflação para todo 2000 está agora entre 5% e 6%. A taxa de juros cobrada entre bancos nas operações de um dia está em 18,5% ao ano. E a taxa de um ano está acima de 21%.
Ou seja, a taxa de juros real está entre 12% e 14%, muito elevada qualquer que seja o critério considerado.
O argumento que se ouve para justificar a alta de juros no mercado financeiro americano é a expectativa de alta de juros nos EUA, cujo banco central, o Federal Reserve, se reúne na próxima semana.
Ok, os juros americanos têm influência. Mas mesmo que a taxa básica americana passe de 6% a 6,5%, ainda assim a taxa brasileira terá gorduras.
Parte da culpa por esse exagero na contabilização da influência externa cabe ao Banco Central brasileiro. O BC disse que não estava reduzindo juros por causa da instabilidade americana e durante semanas aceitou pagar os juros cada vez mais altos pedidos pelo mercado financeiro para comprar os títulos pré-fixados do governo.
Na última terça, dia 10, o BC recusou vender títulos aos juros pedidos pelo mercado e o secretário do Tesouro, Fábio Barbosa, disse que a pedida do mercado não está condizente com a realidade da economia brasileira.
Muito bem, mas já era assim antes.
Agora, tem de consertar ? o que é mais difícil.

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