ELEIÇÕES NA CÂMARA E OS GASTOS COM PESSOAL

. Dedo na ferida A disputa pela presidência da Câmara dos Deputados seguia naquela mesmice até hoje cedo, quando um candidato azarão, Nelson Marchezelli (PTB-SP), disse em entrevista a Heródoto Barbeiro, na rádio CBN, que ia colocar o dedo na ferida. E colocou. A ferida é o excesso de pessoal na Câmara. O deputado cutucou. Disse que não é possível a Câmara ter meia-dúzia de carros e um número enorme de motoristas. Perguntou o que fazem todos aqueles copeiros da casa. Disse que há mais de 300 seguranças contratados. Afirmou que sobram funcionários fantasmas – quer dizer, fantasmas no trabalho diário, mas muito reais na folha de pagamento. Por fim, disse não acreditar que as Câmara precise mesmo dos seus atuais "mais de 16 mil servidores e funcionários". Prometeu demissões e um rigoroso ajuste nos gastos com pessoal – inclusive, disse, para aumentar os vencimentos dos deputados com a economia que conseguir fazer. Os dois candidatos com reais chances de vitória, Aécio Neves (PSDB-MG) e Inocêncio Oliveira (PFL-PE), evitam esse assunto exatamente porque têm chances de ganhar. Ou seja, não querem correr o risco de ter de fazer o corte nos gastos com pessoal. É sempre assim. Esses temas polêmicos acabam sendo levantados pelos candidatos que correm por fora e precisam criar impacto. O resultado, afinal, é positivo. O assunto aparece na campanha, exige uma posição dos candidatos viáveis e, de qualquer modo, começa a ser debatido na mídia. E por falar nisso, eis alguns dados para começo de conversa. O gasto com pessoal ativo do Legislativo está em torno de R$ 1,3 bilhão/ano. A Câmara dos Deputados leva cerca de R$ 680 milhões; o Senado, R$ 460 milhões; e o Tribunal de Contas da União, R$ 165 milhões. O vencimento médio médio é de R$ 4.871, o mais alto entre os servidores da União. Considere ainda que são 517 deputados para 69 senadores, de modo que, proporcionalmente, o gasto com pessoal do Senado é muito maior. Por sinal, também há eleições para a presidência do Senado, que está nesse bate boca de segunda categoria entre ACM e jader Barbalho – uma bela cortina de fumaça para problemas como esse de gasto com pessoal.

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