Copom e reforma agrária

. Em circunstâncias normais, esta semana seria dominada pela reunião do Comitê de Política Monetária, Copom, um colegiado do Banco Central que fixa a taxa básica de juros, hoje de 18,5% ao ano.
Seria, dissemos, porque a reunião que começa amanhã e vai até quarta deve ser um não-acontecimento. Todo mundo sabe que o Copom vai registrar que a situação interna melhorou e justifica uma tendência declinante dos juros para o futuro, mas que a turbulência no mercado financeiro externo, causada pelas incertezas em relação à economia americana, recomenda prudência. Ou seja, juros mantidos a 18,5% ao ano.
Será um repeteco da reunião de abril. (Para entender a relação entre turbulência externa e juros no Brasil, leia o artigo Confusões Lógicas, na seção Política Econômica).
Reforma agrária
O governo FHC sustenta que está fazendo a maior reforma agrária do mundo. O MST invade terras e prédios para dizer que os sem-terra estão inteiramente abandonados.
Quem tem razão?
Responde o deputado federal Xico Graziano (PSDB-SP): o governo está fazendo a maior e a pior reforma agrária do mundo.
Está no jornal O Estado de S.Paulo, na manchete. É uma das melhores peças da imprensa de hoje.
Graziano tem credenciais. Doutor em economia agrícola, com diversos livros publicados, foi presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Incra, e secretário da Agricultura de São Paulo.
Graziano coloca a mão em vespeiro. Reforma agrária é bem vista pela opinião pública e pela mídia. Quem pode ser contra um programa que toma terras improdutivas de latifundiários especuladores e as entrega a pobres trabalhadores rurais?
Ocorre que não está funcionando, diz Graziano. O governo gasta muito dinheiro: R$ 12 bilhões no período 1995/99 para assentar 370 mil famílias, quase 2 milhões de pessoas, em 12 milhões de hectares. Mas isso não tem proporcionado qualquer retorno para a sociedade. Nem aumentou a produção agrícola nacional, nem melhorou a vida dos assentados, novos proprietários rurais. Cerca de 60% dos assentados abandonam seus lotes e/ou os vendem no segundo ano.
O programa, diz Graziano, está transformando excluídos/desempregados da cidade, recrutados pelo MST, em excluídos/desempregados no campo.
Ele tem idéias sobre como mudar a reforma agrária.
Confira.
É a abertura de um importantíssimo debate.
Desemprego
Amanhã, terça, o IBGE divulga os dados sobre desemprego em abril. Há expectativa de uma pequena redução, já que a atividade industrial acelerou no mês passado.
Também nesta semana sai o índice de desemprego do Seade/Dieese, este referente à região metropolitana de São Paulo. O do IBGE é mais amplo, abrange as seis principais regiões metropolitanas.
É certo que se registrará um aumento de número de pessoas trabalhando, especialmente na indústria. Ou seja, haverá registro de vagas abertas.

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