SOBRE INFLAÇÃO E COMPETIÇÃO

. Artigos AMBIENTE Com todos os índices de inflação apontando para baixo, está praticamente fechado o cenário para a economia brasileira neste ano: . a meta de inflação será cumprida, mas utilizando-se a margem de tolerância. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Ampliado, do IBGE, que mede o custo de vida de famílias com renda de até 40 salários mínimos, nas seis principais regiões metropolitanas) acumulou 4,63% até agosto. Para acertar a meta em cheio – 6% – seria necessário que a inflação acumulada nos últimos quatro meses ficasse em 1,3%, ou algo como 0,3% ao mês. O mercado espera um pouco mais, 6,5% nos doze meses, ainda com folga em relação à margem de tolerância de dois pontos para cima. E uma queda de dois pontos e meio abaixo do resultado de 1999. Está bom assim. . o Produto Interno Bruto (PIB, a soma de tudo que se produz no país, de mercadorias a serviços) deve crescer algo como 4% no ano. Está longe do ideal, mas vale para as circunstâncias. Indica uma clara recuperação depois de dois anos muito ruins em que o PIB cresceu, acumulado, apenas 1%. . o desemprego segue em queda lenta, no ritmo da moderada recuperação da economia. . idem para a renda das famílias. Neste momento, setembro, devem ter sido zeradas as perdas dos dois últimos anos. Segue-se agora um período de também moderados ganhos reais. . a dúvida é a seguinte: o que o Banco Central fará com a taxa básica de juros, hoje de 16,5% ao ano? No regime de metas de inflação, que é o regime oficial do Brasil, se a inflação aponta para abaixo da meta, olhando-se para um período de dois anos, o BC pode reduzir juros. Os 6,5% esperados para este ano estão acima do ponto médio da meta (os 6%), mas dentro da margem de tolerância. Além disso, qualquer mudança nos juros a esta altura do campeonato só vai influenciar a inflação do ano que vem, cuja meta é de 4%, também com tolerância de dois pontos. A expectativa atual indica que estamos em torno de 4%, justo no ponto médio, mas também com folga em relação à margem de tolerância. E então, o BC vai se fixar no ponto médio ou na margem de tolerância? No primeiro caso, não há espaço para a queda dos juros. No segundo, há. A maioria dos analistas acha que o BC vai reduzir a taxa, de modo a terminar o ano com 15,5%. Mas tem quem espere 15%, assim como 16%. . Em qualquer caso, o cenário deste ano está mantido. Para o ano que vem, o crescimento será menor se os juros não caírem. . Mas com o uso de outros instrumentos, o BC continua forçando a queda dos juros ao tomador final, de modo que o crediário continuará impulsionando as vendas. . E assim vamos, se não aparecer surpresas. O petróleo caro já não é surpresa. Se estourar, for a 40 dólares o barril, por exemplo, então teremos mais inflação dos combustíveis e mais déficit comercial. De todo modo, o mais provável continua sendo que o petróleo recue para um pouco abaixo dos 30 dólares o barril, com surtos de especulação. UMA NO CRAVO… A Fiat anuncia redução de preços de dois modelos para competir com o Celta, o novo carro da GM. As duas montadoras anunciam preços de venda pela Internetmais baratos do que o preço-concessionária. Eis aí, a competição e a Nova Economia em benefício do consumidor. …OUTRA NA FERRADURA As vendas de carros importados estão em alta. Sabe por quê? Porque o preço ficou de novo competitivo, já que as montadoras locais elevaram os preços dos nacionais. É a proteção e a Velha Economia. Toda vez que se elevam impostos de importação e toda vez que sobe o dólar, os nacionais ficam em vantagem, com preço obviamente menor. O que fazem então os produtores locais? Elevam os preços nacionais. Lógico que os importados tornam-se de novo competitivos. Não tem problema: os nacionais dizem ao governo que não dá parta competir e pedem mais proteção . . .

Deixe um comentário