RISCO BRASIL, VISTO DE FORA

. IMAGEM NO EXTERIOR E RISCO BRASIL : UMA NO CRAVO, OUTRA NA FERRADURA   Quem diria, hein?! O ajuste fiscal do governador Zeca do PT, de Mato Grosso do Sul, foi parar nas páginas de The Economist, a revista de maior prestígio no mundo econômico e de orientação claramente ortodoxa, conservadora. Está na página 35 da edição desta semana. No índice, o título é "Reforms in Mato Grosso do Sul". Lá dentro, o título é "Fiscal prudence goes local", algo como "Prudência fiscal torna-se local". O caso de um estado administrado pelo PT é mostrado como exemplo de como o ajuste fiscal avança nos governos estaduais e prefeituras. O artigo, correto, mostra como a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) impôs essa prudência na gestão pública. Traz um gráfico muito ilustrativo. Por ali se vê que os governos estaduais passaram de um déficit primário de R$ 4 bilhões em 1998 para um superávit de R$ 4,5 bilhões no ano passado. Portanto, um ajuste muito forte, equivalente a 0,8% do Produto Interno Bruto (a soma de mercadorias e serviços produzidos no país). O caso das prefeituras é diferente. Por terem mais dificuldade para tomar dinheiro emprestado, as prefeituras já apresentavam superávit primário em torno de R$ 2 bilhões no início de 1999. E chegaram ao final de 2000 com um superávit um pouco menor, em torno de R$ 1,5 bilhão. Mas o artigo percebe que, neste caso, o mais importante é o fato de que os orçamentos não estouraram no ano eleitoral de 2000, contrariando uma antiga prática brasileira. A reportagem, datada de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, faz a ressalva de que a maior parte do ajuste fiscal foi obtida com aumento de impostos. Mas nota que a era do "free-spending" (que poderia ser traduzido por "gasto por conta", gasto sem receita, gasto para o outro pagar) é coisa do passado. Portanto, é boa matéria para a imagem do país no exterior. Em outras palavras, conta pontos positivos para a avaliação de risco do Brasil. E assim, serve de contraponto a outra notícia nessa mesma edição de Economist, que já não é positiva. Trata-se da classificação de risco de 100 países apurada trimestralmente pela Economist Intelligence Unit, espécie de unidade de pesquisa da revista. A classificação considera os seguintes fatores: estrutura política, políticas econômicas, risco da dívida soberana (emitida pelo governo federal); e situação do sistema bancário. As notas vão de zero (risco de investimento negligenciável) a 100 (risco máximo). O Brasil saiu com nota 54, nas vizinhanças de Colômbia e Turquia (risco um pouco maior que o nosso) e Bolívia, Venezuela, México, Irã e Argentina, com risco pouco menor. O pior risco é o do Iraque de Sadam Hussein (nota 95). O menor risco é o de Cingapura (nota 10). A propósito de Cingapura, veja o artigo que está na seção Política Econômica.

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