PRIMEIRO BALANÇO: O BRASIL VAI BEM

. BALANÇO POSITIVO   São notícias da semana: 1. O Banco Central do Brasil vendeu títulos indexados ao dólar pagando juros de 9,1% ao ano. É a primeira vez que a taxa cai abaixo de 10% e o nível mais baixo desde o lançamento do Plano Real, em 1994. 2. Até 19 de janeiro, a Bolsa de Valores de São Paulo recebeu R$ 446 milhões de dinheiro novo de investidores estrangeiros. É a primeira vez desde julho de 2000 que os investimentos superam os saques. Mas ainda é preciso considerar que julho de 2000 foi uma exceção. Desde maio de 1999, os investidores estrangeiros tiravam dinheiro da bolsa paulista todos os meses. 3. O Tesouro (governo federal) vende títulos pré-fixados com prazos cada vez mais longos e juros cada vez menores. 4. Depois de três anos de déficits, o FGTS apresentou resultado positivo em 2000, cerca de R$ 1,5 bilhão. Os depósitos foram de R$ 18,7 bilhões, contra saques de R$ 17,2 bilhões. Tem significado importante: só há depósitos nas contas de trabalhadores que têm carteira assinada – emprego de maior qualidade. Além disso, a Caixa Econômica Federal informa que os saques de seguro-desemprego caíram 9,5% no ano passado, em relação a 1999. Ou seja, há mais emprego formal e menos desemprego. 5. Depois de quatro anos de aumento do desemprego na região metropolitana de São Paulo, em 2000 o emprego cresceu 3,9%, com a criação de 280 mil postos de trabalho. São números da pesquisa Seade/Dieese. Em toda a década de 90, apenas em 95 houve uma expansão tão significativa do emprego, de 4,2%. 6. Os empréstimos concedidos por bancos a empresas e pessoas cresceram 60% no ano passado e todas as taxas de juros caíram. Não há a menor dúvida no balanço. A economia brasileira passa por um período de recuperação consistente, com uma rara combinação de contas públicas equilibradas, inflação em queda e crescimento em alta. Há novos investimentos em praticamente todos os setores, um clima de confiança aqui e no exterior, tudo alimentando o chamado círculo virtuoso: menor o risco Brasil, menor a taxa de juros paga pelo governo, menor o déficit e a dívida pública, menor o risco . . . Agora, as ressalvas: 1. Os juros caíram mas ainda são muito elevados em compração aos praticados em outros países emergentes. 2. O crescimento de 2000 foi bom – na faixa dos 4% a 4,5% – mas sobre uma base fraca, os dois anos anteriores de paradeira. 3. No caso do emprego, por exemplo, o crescimento de 2000 ocorreu depois de quatro anos de perda de emprego. Assim, os salários ainda não se recuperaram e a maior parte dos empregos recuperados é de pior qualidade (sem carteira e com mais horas de trabalho). 4. Faltam reformas de modo a reduzir o custo de se fazer negócios no Brasil. 5. As exportações não decolaram. Resumo geral dessa ópera do início do milênio: o Brasil saiu do sufoco, o fundo do poço foi 1999, a recuperação foi em 2000, a consolidação é agora, mas ainda falta muito a fazer. Não é fácil.

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