O QUE MUDA COM BUSH NOS EUA

. MUDA A POLÍTICA ECONÔMICA: NOS EUA Para quem acha que não há mais diferenças de política econômica, convém prestar atenção nos primeiros passos do novo presidente dos EUA, George Bush. O homem é conservador e a orientação econômica muda em função disso. Só que as mudanças são diferentes do que eram há, digamos, 20 anos. Nesse tempo, conservador era quem prezava o equilíbrio fiscal (das contas públicas). Progressista (ou liberal, como é o termo utilizado nos EUA) era quem achava correto produzir deficits públicos para investimentos ou programas sociais. Na era de Bill Clinton – um liberal no espectro americano – os dois partidos, Democrata, do então presidente, e Republicano, de Bush – colocaram-se de acordo e votaram uma legislação que obriga o Executivo federal a produzir superávit em suas contas. O presidente Clinton estimulou essa legislação. E a cumpriu de modo exemplar. Assim, o que era pregação conservadora (Republicana) acabou sendo uma realização democrata (liberal, progressista), o que levou à conclusão de que política econômica, desde então, era tudo a mesma coisa e sempre acima ou à margem das ideologias políticas. Mas a ideologia reapareceu justamente pelo lado do superávit. À pergunta – o que fazer com os bilhões de dólares do superávit? – os campos se separaram. Clinton, sustentando a tese de seu secretário do Tesouro, Lawrence Summers, propôs que o superávit fosse utilizado para abater dívida pública e para financiar a Previdência Social. O abatimento de dívida começou, pois dependia exclusivamente de ações da Secretaria do Tesouro, mais exatamente, da recompra de títulos do Tesouro. Quanto ao resto, a coisa depende do Congresso. E o novo presidente George Bush se elegeu propondo que, em vez de financiar a Previdência, o superávit fosse utilizado para uma enorme redução de impostos que, no geral, vai beneficiar quem mais paga impostos, isto é, a classe média alta e os mais ricos. Os liberais se opõem fortemente. Dizem que isso abre caminho de futuros déficits, especialmente provocados pela Previdência.Acham a legislação injusta com os mais pobres. Os conservadores não se incomodam com o fato de a redução de impostos favorecer os mais abastados. Ao contrário, dizem que isso é bom para a economia: pagando menos impostos, essas pessoas e empresas têm mais sobra para investir e isso movimenta toda a economia. Eis aí: Bush vai ao Congresso pedir um corte nos impostos e os democratas (liberais) vão pedir que o mesmo dinheiro seja utilizado para financiar o lado social do governo. O que mudou é que os dois lados apoiam o equilíbrio fiscal, no caso a busca do superávit. Mas permanece a divergência sobre como financiar o setor público e como gastar o dinheiro público.

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