O MERCADO VOTA MAIS

. O voto do mercado O presidente Lula brincou hoje com o nervosismo do mercado financeiro. "O mercado está nervoso?" – perguntou Lula aos repórteres, em um tom de chacota. E completou: "Eu não estou nervoso", e afastou-se com um risinho nos lábios.. Pois deveria estar pelo menos preocupado. Como já disse alguém que não lembro quem é, "o povo vota a cada quatro anos, o mercado vota todo dia útil". Sim, claro, todos sabemos que, em democracias, nenhum governante é eleito pelo mercado, mas pelo voto popular. É ao povo que o presidente deve satisfação. O diabo é que, num regime capitalista, não se pode ignorar o mercado. Mesmo porque muitas das coisas que o governante promete ao povo dependem do mercado. Por exemplo: o país precisa de investimento externo, que não virá se o mercado estiver desconfiado com o país. O governo quer juros baixos? Para isso, é preciso que os investidores comprem títulos da dívida pública a juros menores – e o mercado só fará isso se estiver confortável com o governo. Não se trata de governar para o mercado, mas não se pode governar ignorando o mercado, como sugere a brincadeirinha de Lula. Agora, se o governo quiser brigar com o mercado, pode, claro. Mas precisa enfrentar as consequências de crises financeiras. O presidente e seu pessoal sabem o que pode acontecer. Basta lembrar do segundo semestre do ano do ano passado, quando o mercado levou o dólar a R$ 4,00, os juros básicos a 35% e o risco Brasil a 2.500 pontos, justamente por acreditar que o futuro governo seria hostil ao mercado.

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