O COPOM E A TAXA DE JUROS

. JUROS A 14% EM DEZEMBRO DE 2001   No cenário atual, a taxa básica de juros, hoje de 15,25% ao ano, pode pode chegar a 14% no final de 2001. Esse é talvez o principal recado constante da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), divulgada na manhã desta quinta. (Confira no site do BC, www.bcb.gov.br). A ata sempre sai uma semana depois da reunião. No caso, o documento desta quinta dá os fundamentos pelos quais o Copom reduziu a taxa de 15,75% para 15,25% na primeira reunião do ano. A meta que o BC tem de cumprir não é uma determinada taxa de juros, mas de inflação (conforme o IPCA, índice medido pelo IBGE). A meta deste ano é de 4% e a do próximo, 3,5%, sempre com tolerância de dois pontos para cima ou para baixo. Em 2000, a meta de 6% foi cumprida. Deu 5,9%. Como o BC calibra a meta? Compõe um cenário das variáveis econômicas, locais e internacionais, e aí vai calculando a relação taxa de juros/índice de inflação. Assim, o principal recado da ata é o seguinte: se a taxa básica de juros, hoje de 15,25% ao ano, for caindo nos próximos meses, de modo a chegar a 14% no final de 2001, as metas de inflação para este ano e para 2002 serão cumpridas. Juros a 14% em dezembro de 2001 é a média das previsões feitas no mercado financeiro. O mercado também espera inflação de 4,2% em 2001 e de 3,8% no ano seguinte, portanto dentro das metas. (Previsões mais recentes, porém, estimam inflação neste ano um pouco abaixo dos 4%). Há duas maneiras de se interpretar a ata. Você pode dizer que juros de 14% em dezembro de 2001 é um piso para a a taxa básica. Ou seja, dali não passa. Mas você também pode supor que 14% estão garantidos e que pode ir abaixo disso se a inflação e as demais variáveis se comportarem melhor que o previsto hoje. De todo modo, em termos de taxa real de juros, descontada a inflação, a variação não é lá essas coisas. Considerando a taxa atual de 15,25% e a expectativa média de inflação (4,2%), os juros reais são hoje de 10,6% ao ano. Entrando 2002 com a taxa nominal a 14% – e considerando a inflação esperada de 3,8% – os juros reais começariam o próximo ano com 9,8% ao ano. Seria um recorde – finalmente abaixo dos 10 pontos. Mas ainda seria maior do que a verificada em outros países emergentes e maior do que a taxa real de juros neutra (ideal) para a economia brasileira, estimada entre 7% e 8%. De novo, estamos avançando, mas ainda não chegamos lá. EMPREGO E RENDA O desemprego em 2000 ficou, na média, em 7,1%, uma queda de meio ponto percentual em relação a 1999. São os números do IBGE, que mede a taxa nas principais regiões metropolitanas e no Distrito Federal, divulgados nesta quinta. Mas essa média mostra apenas parte da história, pois a economia foi melhorando ao longo do ano. Observe: em dezembro último, a taxa foi 4,8%, contra 6,3% em dezembro de 1999. Aliás, eis aí mais um sinal de que a economia de fato deu uma acelerada no final do ano. Já a evolução dos rendimentos do trabalho confirme a regra dos processos de recuperação econômica: primeiro vem o emprego, depois o salário. No período janeiro/novembro de 2000, o rendimento médio real exibe uma queda de 0,8% em relação ao mesmo período de 1999. Note, porém, que quando se compara novembro de 2000 com o mesmo mês de 99, a queda é menor, de 0,2%. Também mostra que a coisa vem melhorando. Em 1999, o pior ano do período recente, o rendimento médio real teve queda de 6%. Portanto, se der zero a zero em 2000, significa apenas que o rendimento parou de cair. Assim, em 2001, mantido o crescimento econômico, como parece provável, o rendimento do trabalho começa a recuperar as perdas de 1999.

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