Os países da Zona do Euro, mais a Inglaterra, sendo democracias – e boas democracias – entraram num intenso debate para encontrar um programa de saída da crise, aquela de 2008/09. A coisa ficou ainda mais complicada porque, ao problema do momento, somaram-se as dificuldades estruturais do modelo europeu – gasto público excessivo inclusive com previdência, muitos impostos para pagar, exagerada presença do Estado a inibir o setor privado, custo alto de produzir por lá etc.
Não por acaso, o debate se prolongou. E as crtíticas tornaram-se constantes. Dizia-se: além de tudo, os europeus estão num impasse político que bloqueia as decisões.
Era verdade, mas foi o então primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, quem colocou o dilema mais claramente. Ele perdeu a paciência no debate e saiu-se com esta: ora, todo mundo aqui sabe o que o precisa ser feito; o que ninguém sabe é como ganhar as eleições depois.
O pacote de maldades – como aplicá-lo de modo que o eleitor perceba que aquilo é para o bem do povo e mantenha seu voto? — eis a questão com a qual os líderes políticos se defrontam com frequência.
Não é fácil. Aplicar a seco as medidas de ajuste com frequencia provoca uma grande resistência popular que, numa democracia, leva à derrota no Parlamento e nas eleições.
Aí não adiantou nada, nem para o governante, nem para a população. O ajuste não só se interrompe pelo caminho, como fica amaldiçoado.
O medo de cair nessa situação leva ao imobilismo governante menos esclarecido e determinado. Ele trata de empurrar com a barriga, adiar medidas o máximo possível – e esse é o caminho certo para mergulhar numa crise cada vez pior.
Esse tipo de governo, de direita ou esquerda, cai numa sequencia de improvisos: aumenta um imposto aqui, corta outro que suscitou mais protesto, eleva o preço da energia elétrica, segura a gasolina, corta investimento, aumenta gasto com salários, atrasa obras, concede mais benefícios, sobe juros para uns, diminui para outros e assim vai.
A política econômica perde eficiência, a insatisfação se generaliza.
Reconheceram? Pois é.
Também é comum uma outra tentativa: o candidato sabe o que precisa ser feito, não diz para não perder votos, mas trata de fazer depois de eleito.
Em geral, é um conselho de marqueteiros. Por exemplo: pessoal do entorno da presidente Dilma comentou que ela não vai fazer “sincericídio”. Com isso, se queria dizer que ela também sabe que o país precisa de ajustes, mas que não vai sair por aí anunciando “medidas impopulares”. Mais que isso: sua estratégia será a de dizer que a oposição prepara essas maldades.
Se for assim, não vai dar certo. No curso dessa campanha, Dilma também precisará dizer que não vai fazer aquilo que, dizem, consideraria necessário para depois. De certo modo, ela já está fazendo isso, ao deixar para depois das eleições medidas como aumento do preço da gasolina e do imposto da cerveja.
Ou seja, ela cai num “mentiricídio”. Não dá para ganhar a eleição assim e depois dizer que, bem, brasileiras e brasileiros, vamos precisar de algum sacrifício… Dizem que seria seu último mandato, o que a liberaria para as maldades. Não é assim: o governante não é só ele, é ele mais a sua turma, que vai continuar aí.
Tudo considerado, é mínima a chance de a presidente Dilma, ganhando, mudar o curso de sua política econômica.
E como a oposição lida com esse dilema? Fica para a próxima.
Itaque what?
Imagina um croata que veio ao Brasil ver a Copa. A seleção dele faz um jogo de honra, a estreia contra o Brasil, em São Paulo.
O ingresso oficial da Fifa informa que partida será na “Arena de São Paulo”.
Não existe isso, diz o porteiro do hotel ou o taxista ou o voluntário da Fifa: “o jogo é no Itaquerão”.
Itaque…what?
Ele confia e pega o metrô indicado. A sinalização manda que ele desça na “Arena Corinthians”.
Pelo menos já apareceu a palavra “Arena”, que consta do ingresso. Ele desce, começa a caminhar e topa com placas oficiais, da Fifa World Cup, indicando o “Itaquera Stadium”.
Qual é o problema? diria o ministro dos Esportes. No Iraque nem placa tem…