INFLAÇÃO E JUROS PARA BAIXO

. Um rápido balanço da inflação neste primeiro semestre: saiu melhor que o esperado. O Índice de Preços ao Consumidor Ampliado, IPCA, do IBGE, referência oficial para a política de metas de inflação, vai terminar o primeiro semestre abaixo de 2%. Principal causa: preços de alimentos em queda mais acentuada que o normal para este período do ano. Considerando que a meta é de 6% para o ano todo, há boa folga para o segundo semestre. Aliás, eis como uma boa notícia pode gerar uma má noticia: o governo já vai gastar parte dessa folga com mais um aumento nos derivados de petróleo. A idéia é melhorar o outro lado da conta. No preço do derivado vendido pela Petrobrás na refinaria há uma parte que vai para o caixa do Tesouro, colaborando assim para o superávit primário das contas públicas. Mas é ruim para o consumidor, claro, especialmente para a classe média baixa. Além dos combustíveis, as tarifas de energia elétrica e telefone estão subindo acima da inflação ao consumidor e bem acima dos reajustes de salários. Tarifas dependem de contratos de concessão, que colocaram como indexador o Indice Geral de Preços de Mercado, da FGV, que mistura preços no atacado, com peso maior, no varejo e custos da construção civil. No início do ano, o governo chegou a levantar a possibilidade de rediscutir os contratos para encontrar um modelo de correção de tarifas mais razoável. Desistiu. Está simplesmente esperando que os preços no atacado caiam, o quel aliás, acontecer neste segundo semestre. De todo modo, a inflação está comportada, as metas com o FMI sendo cumpridas com folga e foi por isso que o Comitê de Política Monetária, Copom, reduziu a taxa básica de juros para 17,5% ao ano. Ainda há possibilidade de nova redução, pois segundo o Relatório de Inflação, colocado semana passada na página do Banco Central – www.bcb.gov.br – a inflação deste ano ficaria em 5,6% com os juros a 17,5%. E pelo regime de metas de inflação, sempre que se está abaixo da meta, os juros devem cair. Foi por causa dessa conta que o Copom, além de reduzir a taxa básica, introduziu o viés de baixa – o que autoriza o presidente do BC, Armínio Fraga, a aplicar uma nova redução antes da próxima reunião do Comitê, no final deste mês. Veremos. VEJA NO ARQUIVO, SEÇÃO EM CIMA DOS FATOS, A NOTA DE 01/07/2000, "A VIRADA PRÓ-CRESCIMENTO" – UMA IMPORTANTE MUDANÇA DE POLÍTICA ECONÔMICA DO GOVERNO FERNANDO HENRIQUE. É O TEMA DE NOSSO ARTIGO EM O ESTADO DE S.PAULO DE 03/07/2000.

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