CHILE PENDE PARA OS EUA

. Artigos ENTRE O MERCOSUL E OS EUA   O governo brasileiro ficou meio bravo com a decisão do governo chileno de negociar sua adesão ao Nafta, o acordo de livre comércio já vigente entre Estados Unidos, México e Canadá. Ocorre que o Chile já é membro associado do Mercosul, a associação de livre comércio entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, e negociava sua adesão plena. O pano de fundo dessa história é outra sigla, a Alca, Associação de Livre Comércio das Américas, em negociação e que deve integrar todo o continente. O governo brasileiro tem uma estratégia de fortalecer uma associação entre países sul-americanos para negociar em bloco com os Estados Unidos os trâmites da Alca. Assim, a decisão do Chile de negociar em separado e individualmente com os Estados Unidos, para a adesão ao Nafta antes da formação da Alca, é um severo golpe na diplomacia brasileira. E deveria fazer o governo brasileiro pensar mais seriamente nesse caso. Sua estratégia corre sério risco de fracassar espetacularmente, com adesões cada vez mais frequentes de sul-americanos ao Nafta. Tome-se o caso do Chile, uma economia puco industrializada, que depende muito de importações para seu desenvolvimento. Por isso mesmo, sua tarifa de importação é muito baixa – de 9%, a ser reduzida para 6% em 2002 – e praticamente uniforme, isto é vale para todos os produtos. Já a tarifa de imporrtação comum do Mercosul, para produtos vindos de países de fora do bloco, é de 14% na média, mas chega a 35% em alguns produtos. São tarifas inviáveis para o Chile. Além disso, há uma onda protecionista no Brasil e Argentina, cuja tendência é dificultar e não facilitar importações. Por outro lado, o Chile exporta cobre (37% da pauta), papel e celulose, competindo com o Brasil, vinhos e frutas. Ora, onde está o grande mercado para isso? Estados Unidos, é claro. Diz-se aqui no Brasil que o Chile errou em escancarar sua economia aos produtos americanos sem maiores negociações. Mas o Chile já é uma economia aberta – escancarada, se quiserem. E, portanto, pode ver a questão pelo outro lado: o que lhe interessa é abrir o mercado americano, o maior mercado do mundo, e obter acesso privilegiado a ele. Eis aí o ponto levantado pelo Chile. Para países emergentes, uma estratégia essencial é vender mais para os países ricos, em especial para os Estados Unidos. Atrasando a Alca, insistindo num Mercosul que faz água por todos os lados, a diplomacia brasileira pode estar numa canoa furada.

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