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Estava tudo muito calmo. Estava

A regra do jogo estava bem definida até ontem à noite, Assim: há uma recuperação da economia, com inflação baixa e juros em queda, a reforma da Previdência vai passar e isso coloca as contas públicas em rota de equilíbrio. Bolsa em alta, dólar e risco Brasil em queda confirmavam esse ambiente de que assim o país seguiria se preparando relativamente em calma para as eleições de 2018.
         Ocorre que o presidente Temer era o fiador de boa parte desse negócio. Ele, e só ele, conseguiria arrancar a reforma da Previdência, fosse pelo convencimento ou fosse mesmo comprando votos. O mercado não se preocupou nem um pouco, por exemplo, com o perdão de dívidas INSS que o presidente Temer havia concedido  a prefeitos e governadores. Nem estava preocupado com os ministros já envolvidos na Lava Jato.
         Tudo isso é feio? Imoral? É. Mas entrega a reforma? Entrega. Então, segue o jogo, tal era a postura dita realista.
         Com os fatos conhecidos ontem à noite, esse jogo volta à estaca zero. E cai numa completa instabilidade. Dois riscos prevalecem agora: um, Temer deixa o governo de algum modo (ou pela renúncia, ou com a chapa condenada no TSE); dois, Temer fica no governo, mas inteiramente incapaz de qualquer coisa, com o Executivo e o Congresso paralisados.
         Em qualquer caso, o ambiente é de enorme incerteza. E quando isso acontece, como reagem os mercados e os agentes da economia real?
         No mercado: ontem à noite, por volta das 22 horas de Brasília, no mercado futuro de Nova York, os papéis da Petrobras caiam mais de 11%; Vale perdia mais de 7%; Itau, 7,5% de queda. Fundos de títulos brasileiros despencavam mais de 10%.
         O complemento desse movimento de Bolsa  costuma ser dólar e risco Brasil em alta, o que leva a uma subida nos juros. Exatamente o contrário do que se via até ontem à noite. Isso prevalecendo por algum tempo, com a crise política sem solução, o impacto primeiro é na inflação e na queda de investimento e consumo. E lá se vai a recuperação em curso.
         É uma reviravolta e tanto. Nesta semana, várias consultorias e departamentos econômicos de bancos estavam revendo seus cenários para melhor. Ontem à noite, o ambiente econômico estava assim entre o perplexo e a total incerteza.